1 Brazil, Erika Sana Moraes
Brazil
Brazil is the largest country in South America with a population of approximately 203 million people. The country’s healthcare system is predominantly public.
Our Pediatric Intensive Care Unit is located in a large public university hospital in Brazil. It consists of 20 beds, 18 of which are in a common room visible from a nursing station, and two isolation beds. The unit valued the daily presence of parents, providing a room for them to rest at night.
The COVID-19 pandemic imposed various changes to our work processes. Initially, when little was known about the disease, strict measures were adopted, including: the companion could only stay during the day, and the family rest room was temporarily closed. For suspected or confirmed COVID-19 cases, these children stayed in the two isolation rooms, and companions were not allowed. When the number of children in isolation exceeded the two designated beds, these patients were accommodated in the main ICU room, necessitating the removal of all other families and the implementation of closure measures.
During the first wave of the pandemic, as COVID-19 cases began to rise in Brazil around mid-April 2020, COVID-19 test results still took about 14 days. As a result, many children were isolated from their families due to the high number of suspected cases admitted simultaneously to the unit.
At that time, the team’s contact with the family was only by phone, and families had no direct or indirect communication with the child. Families showed extreme anxiety and fear, calling several times a day for news and hoping to be allowed to be with their child. Working from a child- and family-centered care perspective, the inability to have the family present and participative in the child’s hospitalization was challenging.
The level of tension and uncertainty in the ICU during this period was evident; professionals were apprehensive, children were agitated, and the work environment was exhausting. The search for alternatives to reduce this anguish was often interrupted by the urgency of establishing and re-establishing new protocols, norms, and routines regarding the work process.
Faced with this challenging scenario and despite the difficulties of facing the pandemic, along with some nurse colleagues also moved by the separation of child and family, we mobilized to seek alternatives and resources to change this situation. Thus, through donations, a tablet was acquired, and video calls were incorporated into this unit as a strategy to mitigate the impact of the limitations imposed by COVID-19.
This technology-mediated intervention has enabled the reconnection between children and families separated during hospitalization, allowing families to show they are close and interact. Video calls help restore family integrity, constantly threatened, as seeing the child is essential in this context of separation. Technology allows for better understanding of information and, most importantly, gives meaning and significance to this information. This process of giving and re-giving meaning to the entire experience, mediated by video calls, has helped build family resilience and trust in the team and care.
With the evolution of the pandemic and learning about the disease and various experiences, routines have been constantly reviewed. Currently, the family rest room has been reopened upon COVID-19 test collection, allowing the companion to be present 24 hours a day. Additionally, today it is possible for a suspected or confirmed COVID-19 child to remain with a companion in isolation.
The pandemic was a period of intense learning in the face of the unknown, with various routine changes to adapt to the constantly changing new reality. Working as a care nurse was frightening at many times; we experienced a great physical and emotional demand.
However, despite all these challenges, being in care and contributing to facing COVID-19 and mobilizing new possibilities to maintain quality care for hospitalized children, as well as participating in these moments of reconnection between children and their families, were transformative moments in my professional journey.
In Portuguese:
A nossa Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica é situada em um hospital público, universitário, de grande porte no Brasil. Ela é composta por 20 leitos, sendo 18 deles em um salão comum, à vista de um posto de Enfermagem, e dois leitos de isolamento. A unidade prezava pela presença diária dos pais, contando com um quarto para descanso no período noturno.
A pandemia da COVID-19 impôs diversas modificações nos processos de trabalho. No início, em que pouco se sabia sobre a doença, medidas rigorosas foram adotadas, dentre elas: o acompanhante só poderia permanecer no período diurno e o quarto de descanso familiar foi desativado temporariamente. Em relação aos casos suspeitos ou confirmados de COVID-19, essas crianças ficavam nos dois quartos de isolamento, e não era permitida a presença do acompanhante. Quando o número de crianças em isolamento excedia os dois leitos previstos, esses pacientes ficavam acomodados no salão da UTIP, o que ocasionava a necessidade de retirada de todos os familiares das demais crianças que estavam presentes na unidade e medidas de fechamento.
Na primeira onda da pandemia, logo que os casos de COVID-19 começaram a aumentar no Brasil, em meados de abril de 2020, os resultados dos exames da COVID-19 ainda demoravam cerca de 14 dias, com isso, diversas crianças ficaram isoladas de seus familiares devido ao elevado número de casos suspeitos internados simultaneamente na unidade.
Naquela época, o contato da equipe com a família era realizado apenas por contato telefônico e as famílias não possuíam acesso à comunicação direta ou indireta com a criança. As famílias demonstravam extrema ansiedade e medo, ligavam diversas vezes ao dia, em busca de notícias, e com a esperança de obter a liberação para estar com o filho. Por trabalharmos a partir de uma perspectiva de cuidado centrado na criança e sua família, a impossibilidade de tê-la presente e participativa na internação da criança era desafiadora.
O grau de tensão e incerteza que pairava sobre a UTIP nesse período era evidente, os profissionais estavam apreensivos, as crianças agitadas, e o clima de trabalho era extenuante. A busca por alternativas para diminuir essa angústia era, com frequência, interrompida pela urgência no estabelecimento e reestabelecimento de novos protocolos, normas e rotinas em relação ao processo de trabalho.
Frente a este cenário desafiador e apesar das dificuldades do enfrentamento da pandemia, juntamente com algumas amigas enfermeiras, também sensibilizadas pela separação da criança e família, nos mobilizamos para buscar alternativas e recursos com objetivo de modificar este cenário. Assim, por meio de doações foi adquirido um tablet e incorporada nesta unidade a videochamada, como estratégia para diminuir o impacto das limitações impostas pela COVID-19.
Esta intervenção mediada pela tecnologia tem possibilitado a reconexão entre crianças e famílias separadas durante a internação, ao permitir às famílias demonstrarem estar perto e interagirem. A videochamada permite recuperar a integridade familiar, constantemente ameaçada, pois o ver a criança é indispensável nesse contexto de separação, e a tecnologia possibilita melhor compreensão das informações, e principalmente, dar sentido e atribuir significado a essas informações. Esse processo de significação e ressignificação de toda experiência, mediado pelas videochamadas, tem auxiliado na construção da resiliência familiar e também a confiança na equipe e no cuidado.
Com a evolução da pandemia e o aprendizado em relação à doença e diversas vivências, as rotinas foram sendo constantemente revistas. Atualmente, o quarto dos acompanhantes foi reaberto mediante a coleta do teste para COVID-19, possibilitando, assim, a presença do acompanhante 24 horas por dia. Além disso, hoje é possível que a criança suspeita ou confirmada de COVID-19 permaneça com um acompanhante em isolamento.
A pandemia foi um período de intenso aprendizado frente ao desconhecido, com diversas modificações nas rotinas, a fim de nos adaptarmos à nova realidade em constante mudança. Atuar como enfermeira assistencial foi assustador em muitos momentos, vivenciamos uma grande demanda física e emocional.
Entretanto, mesmo frente a todos esses desafios, estar na assistência e poder contribuir no enfrentamento da COVID-19 e da mobilização de novas possibilidades para manter o cuidado de qualidade a criança hospitalizada, assim como, poder participar desses momentos de reconexão entre as crianças e suas famílias foram momentos transformadores em minha trajetória profissional.
Additional Information About Nursing in Brazil
The Unified Health System (Sistema Único de Saúde – SUS) was established on September 19, 1990. It is funded through taxes and is complemented by private healthcare services for those who can afford it. There are several nursing organizations in Brazil such as the Brazilian Nursing Association and The Federal Nursing Council. These organizations are involved in policy-making, advocacy, and continuing education, aiming to uphold the quality and standards of nursing practice across the country. Brazil has approximately 1.8 million nurses with a ratio of 5.1 nurses for every 1000 people. To become a registered nurse (RN) in Brazil, students must complete a four-year undergraduate degree in nursing. After graduation, nurses have opportunities for further education, including specialized postgraduate programs, master’s degree, or doctoral studies. Nurses in Brazil work in a variety of healthcare settings including hospitals, clinics, public health centers, private practices as well community health services. They play an important role in health promotion, disease prevention, and the delivery of health care services across the country.
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- Erika Moraes 1-1